Era agora apenas mais um no topo da lista dos muitos enganos. Cada passo, um erro: assim lhe parecia. Este quase virara acerto por um tropeço descuidado da sorte. Quase - maldição de todas as coisas que nunca são. Já fazia um mês, dois talvez, que ela havia se segurado nisto como se fosse a grande revelação de sua vida. Enroscara-se nesta sólida coluna de ar qual as trepadeiras que, se lhes tiram o apoio, desfalecem. Desprendera-se de todo do chão que, subitamente, lhe parecera tão insólito e insuficiente. Agora, como não poderia deixar de ser, caíra. Despencara no momento mesmo em que a situação se mostrou tal como era. Sem chão, sem alicerce, sem destino, foi andando não sei sobre que ruas até chegar onde estava. Deparou-se com a cilada bifurcada do destino. À sua frente, a dúvida. Atrás de si, os enganos. Olhou para a frente. A estrada bífida exigia uma escolha.
Carolina Zuppo Abed
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
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4 comentários:
Talvez se fosse sempre uma linha reta, clara, sem fim seria tudo mais fácil. Mas não, tem que existir a incerteza, a insegurança, a dúvida, para que assim possamos, quem sabe, senir o sabor adocicado da certeza ou ver a neblina que virá pela frente.
Carol,
Fiz meu blog sem antes ter lido esse seu texto. Coincidência? Sintonia!
Não canso de reler esse seu texto. Ora se não sou eu a protagonista da sua alegoria!
Não é pretensão, é identificação! rs.
O mais incrível de escrever é perceber que podemos entender profundamente até mesmo aqueles que nem ao menos conhecemos...
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