terça-feira, 18 de agosto de 2009

No nosso aniversário de um ano!!


"Que bobagem as rosas não falam"
(Cartola)



Hoje, um rosa murchou
De papel
Sujou

Prantos, pedaços
Indo embora
O vento

O cheiro
Qual cheiro?
Do Papel

Não! Da rosa
A rosa e o papel.


Raoni Silva Moura





Nomes


Escreva teu nome aqui, junto ao meu, como está no livro que o padre abençoou. Me lembro bem daquele dia. Teu cabelo escorrido, o véu na face. O sorriso brilhava. Tua mãe já gostava de mim naquele época, mas não escondia a birra que ela mantinha por causa daquela vez que chegamos bêbados em casa. Engraçado lembrar disso agora. Antes tudo parecia eterno, bonito e simples. Ah, como se enganam os enamorados. E nós somamos mais dois nessa lista. Serão só dois? Sempre achei que você tinha mais um. E você sempre achou que eu tinha mais várias. E tinha mesmo! Todas dentro de você. Mas tudo bem, isso já não importa mais. Ontem eu fui naquele bar que você gostava de ir quando éramos jovens. Lembra de lá? Você sempre pedia o mesmo drink. Dizia que era o melhor de todos. Agora tem música ao vivo lá. O dono não é mais o mesmo, mas ainda tem a nossa foto no mural. Estranho pensar que venderam o bar e a nossa foto juntos. Aliás, acho que é a única que restou. As poucas que sobraram depois do incêndio você jogou fora. Nunca gostei de fotografias, gosto só das que eu tiro com a cabeça. Pena que as vezes eu não lembro de onde as guardei. A verdade é que eu nunca lembrei onde guardava as coisas. Você sempre cuidou disso pra mim. Lembra aquele dia do casamento da sua irmã, que eu perdi as chaves do carro? E no final elas estavam no meu bolso. Você queria me matar. Quase chegamos atrasados. A sorte foi que o carro da sua irmã quebrou. Também, quem manda contratar esse carros antigos! Por fora são maravilhosos, lindos, conservados. Mas depois que a chave gira é que você descobre a idade do motor. Mas, enfim querida, está de acordo com o valor da pensão? Então escreve teu nome aqui, junto ao meu, que o Juiz irá abençoar!

Raoni Silva Moura

7 comentários:

Carolina Zuppo Abed disse...

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

Toninho Moura disse...

Parabéns!

carol disse...

muito bom seu conto. muito mesmo. vc tem uma técnica nata de passar emoção.

Carolina Zuppo Abed disse...

reiterando o comentário anterior: eu simplesmente amei o conto. você melhora a cada dia. não tenho críticas a fazer. muito bom!

Nathacia Lucena disse...

Sou suspeita pra falar de vc, meu amigo. Sua sensibilidade sempre motivou a lágrima dos meus olhos.

Carolina Zuppo Abed disse...

não me canso de ler este seu miniconto. está tão bem feito, tão redondo, não tenho nenhumca crítica a fazer, e isso é raro!
parabéns!

Fozzy!!! disse...

Mas, enfim querida, está de acordo com o valor da pensão? Então escreve teu nome aqui, junto ao meu, que o Juiz irá abençoar!

FANTÁSTICO RONI, SEM PALAVRAS!!!

entrei para ler um conto e estou devorando o blog, sensacional!!!